Fernando Bittencourt e a TV Digital
Por Manuela Allain Davidson
Quando o assunto é TV digital no Brasil, ninguém aparece mais na mídia do que o Fernando Bittencourt – nem mesmo o ministro Hélio Costa. Na última sexta (29) o diretor de engenharia da Globo esteve no Recife como convidado do primeiro dos Seminários de Tecnologia promovidos pelo Centro de Informática (Cin) da UFPE. E eu, metida como sempre, fui conferir.
Confesso que o que ‘pesquei’ por lá me deixou com a pulga atrás da orelha. Papo de dinossauro, como o Bittencourt mesmo se descreve, só consegue decifrar quem conhece a língua e os contextos da pré-História. O problema é exatamente este. Como pouca gente de nossa população brasileira entende mais a fundo essa conversa de TVD, a maioria leiga ouve o que o dinossauro fala e diz ‘amém’.
Ele começou traçando o histórico da televisão no mundo, dizendo que “a TV aberta é uma das mídias mais obsoletas do País. Só não é mais obsoleta do que a rádio AM”. Amém. Segundo o engenheiro, a primeira tevê vendida no Brasil há 55 anos funcionaria hoje, sem problemas. E o mesmo aconteceria com uma tevê de plasma de R$ 10 mil se viajasse no tempo e fosse levada à década de 1950. Amém.
A justificativa para esse atraso é que, como mídia de massa, não é possível trocar a tecnologia da tevê todo dia. “Sabemos que a próxima mudança deverá ocorrer em duas ou três décadas, por isso tínhamos que decidir pela melhor tecnologia [referindo-se à adoção do ISDB japonês abrasileirado em SBTVD]”. Amém? Não mesmo.
Primeiro, depois que a TV aberta for digitalizada, a tendência – que vem se confirmando no resto do mundo – é que upgrades tecnológicos aconteçam quase que diariamente. O software dentro do receptor (STB) que traz o guia de programação, por exemplo, requer atualizações constantes e os aplicativos interativos vão exigir cada vez mais das máquinas (TVs).
Quando o mundo da tecnologia entrar oficialmente no universo da televisão, atualizar e inovar passam a ser necessidades para sobrevivência do meio. Quanto ao ISDB-t ser a melhor tecnologia, nem comento. Seria, sim, se o ATSC e DVB – além dos que foram desenvolvidos na Índia, China e Rússia, entre outros – tivessem parado no tempo. Então não é amém mesmo...
Para a Globo, nas palavras de Bittencourt, a única grande mudança da televisão desde sua introdução no Brasil foi a migração das imagens em preto e branco para o sistema a cores. Amém? Que nada... E o controle remoto? Desse, obviamente, a toda-poderosa emissora nem fala.
A liberdade de escolha que o ‘zapping’ deu aos telespectadores é um princípio de interatividade que ameaça a audiência e soberania de qualquer canal de televisão. Daí a necessidade de se ter uma programação de qualidade para prender a atenção do cidadão que está em casa, procurando informação ou entretenimento, com o controle remoto na mão.
[CONTINUO COM MUITO MAIS MUNIÇÃO NO PRÓXIMO POST]
sábado, setembro 30, 2006
segunda-feira, setembro 25, 2006
Cicarelli abala as estruturas da Web
Por Manuela Allain Davidson
A ex-esposa-número-dois do atacante Ronaldo, Daniela Cicarelli, me fez o favor de comprovar a teoria de que nada em nenhum meio de comunicação se propaga e vende mais rápido do que sexo. É bem verdade que a modelo e apresentadora da MTV não sabia que estava sendo filmada. Mas por ser uma personalidade pública ela deveria ter imaginado que em qualquer praia da Europa há sempre um Paparazzo em alerta. Lembram do post em que falávamos de TV portátil com conteúdo adulto? Aposto que muita gente recebeu a aventura da modelo no celular.
Para quem ainda não sabe, há uns dez dias a Daniela Cicarelli e seu namorado Tato Malzoni foram flagrados trocando carícias pra lá de íntimas em público, numa praia da Espanha. E a coisa esquentou de forma tal que o casal foi se 'refrescar' no mar e, depois de alguns minutos, algo mais veio à superfície. O namorado dela até tentou disfarçar, cobrindo a parte do corpo com sargaço quando saiu da água. Mas o cameraman e suas lentes foram implacáveis.
Como já era de se esperar, o vídeo se espalhou pela Web rapidamente. E o YouTube, claro, teve inúmeras versões do fato replicadas em seu servidor. Vídeos com o nome e a cara de Cicarelli tiveram mais de 175 mil visualizações da noite pro dia e alguns deles estão desaparecendo do mapa - por terem 'violado a norma de conduta do YouTube'.
Alguns usuários da rede fizeram montagens com a música da Tati Quebra-Barraco ("Tô ficando atoladinha...") e outros pegaram carona na paixão febril da apresentadora só para gerar hits em seus vídeos que NADA tinham a ver com a estória. Me explico. Imagine que alguém fez um vídeo na frente de um quadro de aula, dizendo nada com nada, mas nomeou o arquivo como Cicarelli e, para completar, descreveu o vídeo como 'cenas tórridas de amor à beira-mar'. São internautas que já aprenderam a lição primeira de marketing online: provocar o público-alvo e incitar a navegação.
Como jornalista, acho mesmo que a estória é notícia. Sensacionalista, é verdade, pela reação que causa nos que têm acesso à informação e também pelo fato da Daniela não ter sido a primeira - nem a última - a se deixar levar pela sedução do mar. Como mulher, me solidarizo com a dor que deve ser ter sua privacidade destruída - e também pelos contratos publicitários que ela perdeu logo depois que o vídeo foi ao ar. Mas como pesquisadora de mídias digitais e empreendedora online, sinto-me compelida a dar o mapa da mina a vocês.
Só peço que depois de materem sua curiosidade voltem aqui no MADPixel e deixem sua opinião. Não sobre a performance da Daniela, claro. Mas sobre o consumo desse tipo de conteúdo, sobre a ética profissional envolvida em casos como o do paparazzo espanhol e se vocês pagariam para alimentar o voyerismo. O que vier à cabeça de vocês tá valendo.
LINK VOYEUR
» 'O mapa da mina'
POST RELACIONADO
» Sexo como conteúdo para TV portátil
Por Manuela Allain Davidson
A ex-esposa-número-dois do atacante Ronaldo, Daniela Cicarelli, me fez o favor de comprovar a teoria de que nada em nenhum meio de comunicação se propaga e vende mais rápido do que sexo. É bem verdade que a modelo e apresentadora da MTV não sabia que estava sendo filmada. Mas por ser uma personalidade pública ela deveria ter imaginado que em qualquer praia da Europa há sempre um Paparazzo em alerta. Lembram do post em que falávamos de TV portátil com conteúdo adulto? Aposto que muita gente recebeu a aventura da modelo no celular.
Para quem ainda não sabe, há uns dez dias a Daniela Cicarelli e seu namorado Tato Malzoni foram flagrados trocando carícias pra lá de íntimas em público, numa praia da Espanha. E a coisa esquentou de forma tal que o casal foi se 'refrescar' no mar e, depois de alguns minutos, algo mais veio à superfície. O namorado dela até tentou disfarçar, cobrindo a parte do corpo com sargaço quando saiu da água. Mas o cameraman e suas lentes foram implacáveis.
Como já era de se esperar, o vídeo se espalhou pela Web rapidamente. E o YouTube, claro, teve inúmeras versões do fato replicadas em seu servidor. Vídeos com o nome e a cara de Cicarelli tiveram mais de 175 mil visualizações da noite pro dia e alguns deles estão desaparecendo do mapa - por terem 'violado a norma de conduta do YouTube'.
Alguns usuários da rede fizeram montagens com a música da Tati Quebra-Barraco ("Tô ficando atoladinha...") e outros pegaram carona na paixão febril da apresentadora só para gerar hits em seus vídeos que NADA tinham a ver com a estória. Me explico. Imagine que alguém fez um vídeo na frente de um quadro de aula, dizendo nada com nada, mas nomeou o arquivo como Cicarelli e, para completar, descreveu o vídeo como 'cenas tórridas de amor à beira-mar'. São internautas que já aprenderam a lição primeira de marketing online: provocar o público-alvo e incitar a navegação.
Como jornalista, acho mesmo que a estória é notícia. Sensacionalista, é verdade, pela reação que causa nos que têm acesso à informação e também pelo fato da Daniela não ter sido a primeira - nem a última - a se deixar levar pela sedução do mar. Como mulher, me solidarizo com a dor que deve ser ter sua privacidade destruída - e também pelos contratos publicitários que ela perdeu logo depois que o vídeo foi ao ar. Mas como pesquisadora de mídias digitais e empreendedora online, sinto-me compelida a dar o mapa da mina a vocês.
Só peço que depois de materem sua curiosidade voltem aqui no MADPixel e deixem sua opinião. Não sobre a performance da Daniela, claro. Mas sobre o consumo desse tipo de conteúdo, sobre a ética profissional envolvida em casos como o do paparazzo espanhol e se vocês pagariam para alimentar o voyerismo. O que vier à cabeça de vocês tá valendo.
LINK VOYEUR
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quarta-feira, setembro 20, 2006
Produção de STB motiva disputa salomônica
Por Manuela Allain Davidson
Em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, tem uns chineses que podiam se candidatar ao papel da mãe que quase viu seu bebê dividido em dois pelo Rei Salomão. Lembram dela? A metáfora serve para ilustrar o que eles estarão fazendo ao arcar com uma produção de decodificadores pra tevê digital sem nenhum incentivo fiscal do Governo. Deixa eu tentar explicar melhor.
A novela de tevê digital no Brasil se estende agora aos direitos de produção das famosas set-top boxes (STB) - os equipamentos que vão permitir que o telespectador receba em casa a programação digitalizada. O governo Federal se dividiu entre os que querem descentralizar a cadeia de produção do hardware (enquadrando STB como bem de informática) e entre os que querem concentrar a produção na Zona Franca de Manaus.
É uma disputa salomônica porque muitas indústrias querem ser a mãe desse bebê que tende a se propagar em mais de 80 milhões de lares brasileiros, atraindo lucros milionários. Pois bem. Mãe que é mãe, já sabia Salomão, está sempre disposta a se sacrificar para evitar que sua prole seja ferida. Custe o que custar.
No caso, a prole da Phihong – joint venture mineira com um grupo chinês – é a recém-nascida produção de STB para tevê digital. E para garantir o futuro da linhagem, a indústria está começando a produzir os aparelhos agora, mesmo sem a dedução de impostos que teria se (quando) as STB forem enquadradas como bens de informática.
Segundo a Bites, revista eletrônica especializada em TI, a Phihong já está a todo vapor ‘dando à luz’ decodificadores que serão usados inicialmente por TVs de assinatura (satélite e cabo). O objetivo final dessa ‘mãe’ é levar seus bebês aos usuários da tevê digital aberta (rádio-freqüência) e, num futuro ideal onde as empresas de telecom também farão parte desse mercado, aos usuários de TV por banda larga, IPTV.
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» Globo capacita engenheiros pra TVD aberta
» TVD no Brasil só depois das eleições
Por Manuela Allain Davidson
Em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, tem uns chineses que podiam se candidatar ao papel da mãe que quase viu seu bebê dividido em dois pelo Rei Salomão. Lembram dela? A metáfora serve para ilustrar o que eles estarão fazendo ao arcar com uma produção de decodificadores pra tevê digital sem nenhum incentivo fiscal do Governo. Deixa eu tentar explicar melhor.
A novela de tevê digital no Brasil se estende agora aos direitos de produção das famosas set-top boxes (STB) - os equipamentos que vão permitir que o telespectador receba em casa a programação digitalizada. O governo Federal se dividiu entre os que querem descentralizar a cadeia de produção do hardware (enquadrando STB como bem de informática) e entre os que querem concentrar a produção na Zona Franca de Manaus.
É uma disputa salomônica porque muitas indústrias querem ser a mãe desse bebê que tende a se propagar em mais de 80 milhões de lares brasileiros, atraindo lucros milionários. Pois bem. Mãe que é mãe, já sabia Salomão, está sempre disposta a se sacrificar para evitar que sua prole seja ferida. Custe o que custar.
No caso, a prole da Phihong – joint venture mineira com um grupo chinês – é a recém-nascida produção de STB para tevê digital. E para garantir o futuro da linhagem, a indústria está começando a produzir os aparelhos agora, mesmo sem a dedução de impostos que teria se (quando) as STB forem enquadradas como bens de informática.
Segundo a Bites, revista eletrônica especializada em TI, a Phihong já está a todo vapor ‘dando à luz’ decodificadores que serão usados inicialmente por TVs de assinatura (satélite e cabo). O objetivo final dessa ‘mãe’ é levar seus bebês aos usuários da tevê digital aberta (rádio-freqüência) e, num futuro ideal onde as empresas de telecom também farão parte desse mercado, aos usuários de TV por banda larga, IPTV.
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domingo, setembro 17, 2006
A vez do Google Image Labeler
Por Fabiano Gallindo
O grupo Google não pára de lançar novidades. A mais nova é colocar o pessoal que navega sem compromissos para trabalhar para eles. O Google Image Labeler é uma nova ferramenta que permite ao internauta indexar imagens aleatórias para ajudá-los a melhorar os resultados da busca de imagens deles.
Agora por que você iria querer trabalhar de graça para eles? Porque eles são espertos e fizeram a coisa parecer um joguinho. E é divertido. Ao se logar, você espera ganhar um parceiro. Em seguida, é mostrada uma imagem. Você tem que começar a escrever palavras que aquela imagem te lembra. Quando uma das suas palavras coincidir com a do seu parceiro, vocês passam para a imagem seguinte. A cada imagem que "acertar", a dupla ganha pontos e vai subindo no ranking geral do site.
Parece meio bobo, mas depois que você começa a brincar, fica difícil parar.
SERVIÇO
» Google Image Labeler
Por Fabiano Gallindo
O grupo Google não pára de lançar novidades. A mais nova é colocar o pessoal que navega sem compromissos para trabalhar para eles. O Google Image Labeler é uma nova ferramenta que permite ao internauta indexar imagens aleatórias para ajudá-los a melhorar os resultados da busca de imagens deles.
Agora por que você iria querer trabalhar de graça para eles? Porque eles são espertos e fizeram a coisa parecer um joguinho. E é divertido. Ao se logar, você espera ganhar um parceiro. Em seguida, é mostrada uma imagem. Você tem que começar a escrever palavras que aquela imagem te lembra. Quando uma das suas palavras coincidir com a do seu parceiro, vocês passam para a imagem seguinte. A cada imagem que "acertar", a dupla ganha pontos e vai subindo no ranking geral do site.
Parece meio bobo, mas depois que você começa a brincar, fica difícil parar.
SERVIÇO
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sexta-feira, setembro 15, 2006
Sexo como conteúdo para TV portátil
Por Manuela Allain Davidson
Atenção. Este post contém informações impróprias para menores de 18 anos. Se você tem problemas cardíacos ou senso de moralidade susceptível a fortes impactos, pare de ler agora. Lembro apenas que como jornalista e redatora do MADPixel a minha missão é apresentar os fatos dentro de uma perspectiva de criação e negócios. E nada na Web ou demais mídias vende mais do que sexo.
Durante a semana que passou, fiz um curso sobre transmissão de tevê digital por rádio-freqüência e satélite. No cardápio das aulas também vimos algo sobre a transmissão de conteúdo televisivo para celulares, palmtops e consoles de game portáteis como o PSP (Playstation). Em meio a densos gráficos de eletrônica surge uma informação nova. “Vocês sabem onde o usuário de TV portátil mais assiste tevê?”, perguntou o treinador Cristóvam Nascimento.
A resposta pipocou automaticamente na minha cabeça: “em meios de transporte coletivo”. E eis que veio a resposta surpresa. “No banheiro”, disse o Cristóvam. Meio que perplexa, continuei ouvindo. E os exemplos que ele apresentou fizeram um super sentido. Os tais usuários de banheiro era pessoas que não queriam perder os gols do seu time de futebol favorito enquanto tiravam água do joelho ou resolviam um assunto mais sério no banheiro. Ou ainda pessoas que não queriam perder capítulos de uma novela das oito... e por aí vai.
Eu não tinha lido nada parecido sobre esse tipo de comportamento em nenhuma pesquisa sobre mobile TV até o momento. Mas aí, hoje, recebo uma informação caliente sobre ‘conteúdo adulto’ para tevês de bolso. A inglesa Juniper Research afirma que os vídeos adultos vão passar a perna nos serviços de SMS, gerando £ 1.44 bilhão em volume de negócios até 2009 (Mais de R$ 5 bilhões). É imaginar uma revista Playboy em vídeo, por exemplo, indo com o usuário aonde ele for [inclusive o banheiro] – longe da esposa (marido), do chefe e das câmeras de vigilância tipo Big Brother que regulam boa parte dos espaços que circulamos no dia-a-dia.
Alguém duvida que sexo possa ser vendido como conteúdo pay-per-view ou de vídeo sob demanda? Ou ainda... de uma maneira mais espontânea e interativa... por trocas de mensagens multimídia (MMS) entre usuários de celular? Agora imaginem aqueles anúncios de sexo por telefone que sempre saem nos cadernos de classificados dos jornais impressos oferecendo números para troca de mensagens multimídia com os clientes e close-ups inimagináveis. Literatura de banheiro evoluída, hein?
Por Manuela Allain Davidson
Atenção. Este post contém informações impróprias para menores de 18 anos. Se você tem problemas cardíacos ou senso de moralidade susceptível a fortes impactos, pare de ler agora. Lembro apenas que como jornalista e redatora do MADPixel a minha missão é apresentar os fatos dentro de uma perspectiva de criação e negócios. E nada na Web ou demais mídias vende mais do que sexo.
Durante a semana que passou, fiz um curso sobre transmissão de tevê digital por rádio-freqüência e satélite. No cardápio das aulas também vimos algo sobre a transmissão de conteúdo televisivo para celulares, palmtops e consoles de game portáteis como o PSP (Playstation). Em meio a densos gráficos de eletrônica surge uma informação nova. “Vocês sabem onde o usuário de TV portátil mais assiste tevê?”, perguntou o treinador Cristóvam Nascimento.
A resposta pipocou automaticamente na minha cabeça: “em meios de transporte coletivo”. E eis que veio a resposta surpresa. “No banheiro”, disse o Cristóvam. Meio que perplexa, continuei ouvindo. E os exemplos que ele apresentou fizeram um super sentido. Os tais usuários de banheiro era pessoas que não queriam perder os gols do seu time de futebol favorito enquanto tiravam água do joelho ou resolviam um assunto mais sério no banheiro. Ou ainda pessoas que não queriam perder capítulos de uma novela das oito... e por aí vai.
Eu não tinha lido nada parecido sobre esse tipo de comportamento em nenhuma pesquisa sobre mobile TV até o momento. Mas aí, hoje, recebo uma informação caliente sobre ‘conteúdo adulto’ para tevês de bolso. A inglesa Juniper Research afirma que os vídeos adultos vão passar a perna nos serviços de SMS, gerando £ 1.44 bilhão em volume de negócios até 2009 (Mais de R$ 5 bilhões). É imaginar uma revista Playboy em vídeo, por exemplo, indo com o usuário aonde ele for [inclusive o banheiro] – longe da esposa (marido), do chefe e das câmeras de vigilância tipo Big Brother que regulam boa parte dos espaços que circulamos no dia-a-dia.
Alguém duvida que sexo possa ser vendido como conteúdo pay-per-view ou de vídeo sob demanda? Ou ainda... de uma maneira mais espontânea e interativa... por trocas de mensagens multimídia (MMS) entre usuários de celular? Agora imaginem aqueles anúncios de sexo por telefone que sempre saem nos cadernos de classificados dos jornais impressos oferecendo números para troca de mensagens multimídia com os clientes e close-ups inimagináveis. Literatura de banheiro evoluída, hein?
quinta-feira, setembro 14, 2006
Globo capacita engenheiros para SBTVD-t
Por Manuela Allain Davidson
Jogadores profissionais de xadrez sabem que o resultado de cada partida pode ser definido já no primeiro movimento que fazem com as peças. E a vantagem, claro, é de quem sai na frente. No mercado brasileiro de televisão, ninguém entende melhor o termo ‘vantagem competitiva’ do que a Rede Globo. E enquanto seus concorrentes esperam que as eleições passem e que o futuro governo (re) eleito dite as regras do jogo do SBTVD (nossa tevê digital aberta), a empresa investe pesado na capacitação de seus profissionais.
Esta semana eu peguei carona num desses treinamentos que a emissora está dando às suas equipes de Engenharia e Rádio-Frequência (RF) em todo País. Fui a estranha no ninho, única mulher e profissional da área de Comunicação a ficar com a bunda absolutamente quadrada ao final do curso intensivo que durou três dias. Por isso peço desculpas pela ausência aqui no MADPixel. E me antecipando a possíveis perguntas, não, não faço parte do time Globeleza (mas o futuro a Deus pertence).
As aulas foram ministradas pelo José Raimundo Cristóvam Nascimento, um dos papas em TVD via satélite aqui no Brasil e fundador da Unisat Engenharia de Telecomunicações. Me chamem de doida, mas adorei a oportunidade de entender melhor a eletrônica por trás do processo de transmissão de tevê digital, as fórmulas para cálculo de aproveitamento de largura de banda e outros tecno-detalhes que foram claramente explicados por lá. Mas, jornalisticamente, o que mais me chamou a atenção foi uma pergunta levantada – e respondida – pelo instrutor do curso.
Se hoje cada broadcaster envia áudio e vídeo para a casa dos telespectadores, de forma independente e sem maiores complicações, a partir da adoção da TVD será preciso que um agente intermediário (único) organize as atualizações dos softwares que serão enviados para cada uma de nossas caixinhas receptoras (STB). Faz sentido, até porque como consumidores nós teremos inúmeras STBs diferentes para escolher e comprar, com preços e potencialidades tecnológicas distintas. E as transmissões, independente de quem seja o transmissor, precisam chegar inteiras até o telespectador.
Pra complicar essa equação ainda mais, lembrem que a TVD além de áudio e vídeo, carrega pacotes de dados. Então quem vai ser o coordenador desse novo universo? A Anatel? Um novo órgão regulador? Um comitê formado por representantes de cada emissora? Ou a emissora de maior presença em todo o País?
Na Inglaterra, a missão ficou a cargo da BBC, que além de ser a pioneira naquele país é uma empresa estatal e de serviço público. O serviço de Multiplex da BBC controla, por exemplo, a alocação de banda para as demais emissoras de TV – o que além de desconforto, limitava planos de multiprogramação e interatividade de canais comerciais como o Channel4, onde estagiei.
Mas a história da televisão aqui no Brasil é outra. Nossas emissoras já nasceram comerciais e independentes. A opinião do Cristóvam é de que, como ninguém está falando nisso mesmo e a Globo é a empresa de maior penetração no País, a missão vá ficar para os globais. É uma coisa meio 'one ring to rule them all'. Eu acho que muita água ainda vai passar debaixo da ponte... E vocês? Alguma opinião formada sobre o assunto?
Por Manuela Allain Davidson
Jogadores profissionais de xadrez sabem que o resultado de cada partida pode ser definido já no primeiro movimento que fazem com as peças. E a vantagem, claro, é de quem sai na frente. No mercado brasileiro de televisão, ninguém entende melhor o termo ‘vantagem competitiva’ do que a Rede Globo. E enquanto seus concorrentes esperam que as eleições passem e que o futuro governo (re) eleito dite as regras do jogo do SBTVD (nossa tevê digital aberta), a empresa investe pesado na capacitação de seus profissionais.
Esta semana eu peguei carona num desses treinamentos que a emissora está dando às suas equipes de Engenharia e Rádio-Frequência (RF) em todo País. Fui a estranha no ninho, única mulher e profissional da área de Comunicação a ficar com a bunda absolutamente quadrada ao final do curso intensivo que durou três dias. Por isso peço desculpas pela ausência aqui no MADPixel. E me antecipando a possíveis perguntas, não, não faço parte do time Globeleza (mas o futuro a Deus pertence).
As aulas foram ministradas pelo José Raimundo Cristóvam Nascimento, um dos papas em TVD via satélite aqui no Brasil e fundador da Unisat Engenharia de Telecomunicações. Me chamem de doida, mas adorei a oportunidade de entender melhor a eletrônica por trás do processo de transmissão de tevê digital, as fórmulas para cálculo de aproveitamento de largura de banda e outros tecno-detalhes que foram claramente explicados por lá. Mas, jornalisticamente, o que mais me chamou a atenção foi uma pergunta levantada – e respondida – pelo instrutor do curso.
Se hoje cada broadcaster envia áudio e vídeo para a casa dos telespectadores, de forma independente e sem maiores complicações, a partir da adoção da TVD será preciso que um agente intermediário (único) organize as atualizações dos softwares que serão enviados para cada uma de nossas caixinhas receptoras (STB). Faz sentido, até porque como consumidores nós teremos inúmeras STBs diferentes para escolher e comprar, com preços e potencialidades tecnológicas distintas. E as transmissões, independente de quem seja o transmissor, precisam chegar inteiras até o telespectador.
Pra complicar essa equação ainda mais, lembrem que a TVD além de áudio e vídeo, carrega pacotes de dados. Então quem vai ser o coordenador desse novo universo? A Anatel? Um novo órgão regulador? Um comitê formado por representantes de cada emissora? Ou a emissora de maior presença em todo o País?
Na Inglaterra, a missão ficou a cargo da BBC, que além de ser a pioneira naquele país é uma empresa estatal e de serviço público. O serviço de Multiplex da BBC controla, por exemplo, a alocação de banda para as demais emissoras de TV – o que além de desconforto, limitava planos de multiprogramação e interatividade de canais comerciais como o Channel4, onde estagiei.
Mas a história da televisão aqui no Brasil é outra. Nossas emissoras já nasceram comerciais e independentes. A opinião do Cristóvam é de que, como ninguém está falando nisso mesmo e a Globo é a empresa de maior penetração no País, a missão vá ficar para os globais. É uma coisa meio 'one ring to rule them all'. Eu acho que muita água ainda vai passar debaixo da ponte... E vocês? Alguma opinião formada sobre o assunto?
quarta-feira, setembro 13, 2006
Apple iTV
Por Fabiano Gallindo
A Apple está disposta a mais um avanço nas inovações que integram a internet e o entretenimento doméstico. Em evento na Califórnia - em que o fundador da Apple Steve Jobs exibiu os novos modelos de iPod e iniciou a oferta de filmes no catálogo do iTunes - a marca anunciou planos de vender um novo acessório que permitirá aos usuários fazer o download e concentrar filmes, músicas, fotografias e outros arquivos digitais em casa.
O novo terminal, que recebou o nome de iTV, começará a ser vendido no primeiro trimestre do ano que vem nos Estados Unidos por US$ 299.
Na opinião de analistas, ao criar o iTV, a Apple pode estar preenchendo uma lacuna que existia entre as telas de TV de casa e o computador.
O iTV fundamentalmente encerra esta brecha e a Apple ofereceu uma solução completa. Inovações Tecnológicas não demoram para acontecer, estão o tempo todo surgindo nas bancadas dos laboratórios de universidades, nas garagens lá nos Estados Unidos e aqui no Brasil, nos "quartinhos de empregada" (a própria Ana Maria lá de casa inventa pra burro!). O que falta mesmo é uma EMPRESA com a visão e o fôlego financeiro do tamanho de uma Apple fomentar e desenvolver até o final do projeto, incorporando: manuais, equipe de vendas, pessoal técnico de suporte e muita propaganda para deixar você, eu e os outros confiantes o suficiente para tirar do bolso alguns dólares e apostar na solução.
No caso da Apple, quem duvida, depois do sucesso dos seus micros, iPods e Pixar que vem por aí mais um modismo? Quem duvida que além daquele celular que faz filmes, carro com iPod integrado e cumputador de bolso que te ajuda no dia-a-dia do seu trabalho você não vai ter um micro que vê TV da Apple?
Enfim a IPTV (Internet Protocol Television) ou Televisão pela Internet toma forma de uma simpática "latinha de sardinhas" e vem trazendo para a sua casa os "You Tubes", Séries preferidas, Novelas da Globo num eterno "Vale a Pena ver Denovo", os documentários da BBC, do Amaral Neto, programas do Chacrinha digitalizados, Raul Seixas cantando no Balão Mágico e diversos programas educativos para elevar a cultura do Brazil.
Cumputador com TV pela Internet existe a pelo menos 5 anos, caro, nada prático, chato de montar e antipático de operar. A Apple vem na frente e coloca tudo numa caixinha e te vende por US$ 299,00.
E você vai pagar brincando!
Por Fabiano Gallindo
A Apple está disposta a mais um avanço nas inovações que integram a internet e o entretenimento doméstico. Em evento na Califórnia - em que o fundador da Apple Steve Jobs exibiu os novos modelos de iPod e iniciou a oferta de filmes no catálogo do iTunes - a marca anunciou planos de vender um novo acessório que permitirá aos usuários fazer o download e concentrar filmes, músicas, fotografias e outros arquivos digitais em casa.
O novo terminal, que recebou o nome de iTV, começará a ser vendido no primeiro trimestre do ano que vem nos Estados Unidos por US$ 299.
Na opinião de analistas, ao criar o iTV, a Apple pode estar preenchendo uma lacuna que existia entre as telas de TV de casa e o computador.
O iTV fundamentalmente encerra esta brecha e a Apple ofereceu uma solução completa. Inovações Tecnológicas não demoram para acontecer, estão o tempo todo surgindo nas bancadas dos laboratórios de universidades, nas garagens lá nos Estados Unidos e aqui no Brasil, nos "quartinhos de empregada" (a própria Ana Maria lá de casa inventa pra burro!). O que falta mesmo é uma EMPRESA com a visão e o fôlego financeiro do tamanho de uma Apple fomentar e desenvolver até o final do projeto, incorporando: manuais, equipe de vendas, pessoal técnico de suporte e muita propaganda para deixar você, eu e os outros confiantes o suficiente para tirar do bolso alguns dólares e apostar na solução.
No caso da Apple, quem duvida, depois do sucesso dos seus micros, iPods e Pixar que vem por aí mais um modismo? Quem duvida que além daquele celular que faz filmes, carro com iPod integrado e cumputador de bolso que te ajuda no dia-a-dia do seu trabalho você não vai ter um micro que vê TV da Apple?
Enfim a IPTV (Internet Protocol Television) ou Televisão pela Internet toma forma de uma simpática "latinha de sardinhas" e vem trazendo para a sua casa os "You Tubes", Séries preferidas, Novelas da Globo num eterno "Vale a Pena ver Denovo", os documentários da BBC, do Amaral Neto, programas do Chacrinha digitalizados, Raul Seixas cantando no Balão Mágico e diversos programas educativos para elevar a cultura do Brazil.
Cumputador com TV pela Internet existe a pelo menos 5 anos, caro, nada prático, chato de montar e antipático de operar. A Apple vem na frente e coloca tudo numa caixinha e te vende por US$ 299,00.
E você vai pagar brincando!
quarta-feira, setembro 06, 2006
Convergência: TV vira PC e PC vira TV
Por Manuela Allain Davidson
Segundo o Wikicionário (novo produto da família Wikipedia), convergência é um 'lugar de encontro'. Para biólogos, a palavra traduz um processo evolutivo no qual espécies não relacionadas desenvolvem estruturas semelhantes - como golfinhos e peixes, por exemplo.
Televisão e computador, apesar da semelhança física, também tiveram missões distintas por muitos anos. Um nasceu como plataforma de vídeo, o outro foi criado para projetar e produzir dados. Mas a evolução tecnológica reservou um destino compartilhado para os dois quadrados mágicos. Cada vez mais, a TV vira computador e o PC vira televisão.
Um dos poucos mimos tecnológicos que meu marido e eu trouxemos de nossa aventura no Reino Unido foi um notebook que funciona como tevê, DVD player, ilha de edição de vídeos e central de entretenimento com som estéreo surround - e ainda funciona como computador. Se não fosse um equipamento muito bem resolvido, o Qosmio já estaria em crise existencial, porque o usamos mais como tevê do que qualquer outra coisa. O mérito, além da Toshiba, é da turma do Vale do Silício pelo desenvolvimento do Windows Media Center.
No que depender do Bill Gates, aliás, o encontro da TV com o computador vai ficar ainda mais visível para nós nos próximos meses. Além de lançar o Windows Media Center como parte do novo sistema operacional Windows Vista para PCs, a Microsoft lançou nos EUA a segunda versão do MSN TV. Trata-se de um software embutido em uma caixa receptora de sinais de radiodifusão (STB) que transforma a televisão num computador multimídia de acesso banda larga à Web.
A solução de IPTV da Microsoft resolve um dos problemas mais recorrentes em aplicações interativas (metadata) para TVD, dando ao usuário o controle sobre o tamanho de fontes e imagens exibidas na tela. Acoplando o equipamento à tevê - e à sua conta de banda larga, claro - o telespectador pode navegar na Internet, baixar e abrir arquivos, estabelecer limites de uso para os filhos, compartilhar fotos e músicas com amigos e até bater papo (pelo MSN Messenger) enquanto assiste sua programação de TV favorita.
O MSN TV 2 Internet & Media Player (foto acima) já está à venda nos EUA. Os usuários brasileiros só encontrarão o aparelho em lojas online como a Amazon.com ou no site oficial do MSN TV. O pagamento pode ser feito em 'suaves prestações mensais' de US$ 99.95 (2) ou US$ 49.95 (4) no cartão de crédito, mas lembrem que o preço não inclui taxas de importação, impostos ou conta do provedor de Internet.
SERVIÇO:
» MSN TV
» Amazon.com
Por Manuela Allain Davidson
Segundo o Wikicionário (novo produto da família Wikipedia), convergência é um 'lugar de encontro'. Para biólogos, a palavra traduz um processo evolutivo no qual espécies não relacionadas desenvolvem estruturas semelhantes - como golfinhos e peixes, por exemplo.
Televisão e computador, apesar da semelhança física, também tiveram missões distintas por muitos anos. Um nasceu como plataforma de vídeo, o outro foi criado para projetar e produzir dados. Mas a evolução tecnológica reservou um destino compartilhado para os dois quadrados mágicos. Cada vez mais, a TV vira computador e o PC vira televisão.
Um dos poucos mimos tecnológicos que meu marido e eu trouxemos de nossa aventura no Reino Unido foi um notebook que funciona como tevê, DVD player, ilha de edição de vídeos e central de entretenimento com som estéreo surround - e ainda funciona como computador. Se não fosse um equipamento muito bem resolvido, o Qosmio já estaria em crise existencial, porque o usamos mais como tevê do que qualquer outra coisa. O mérito, além da Toshiba, é da turma do Vale do Silício pelo desenvolvimento do Windows Media Center.
No que depender do Bill Gates, aliás, o encontro da TV com o computador vai ficar ainda mais visível para nós nos próximos meses. Além de lançar o Windows Media Center como parte do novo sistema operacional Windows Vista para PCs, a Microsoft lançou nos EUA a segunda versão do MSN TV. Trata-se de um software embutido em uma caixa receptora de sinais de radiodifusão (STB) que transforma a televisão num computador multimídia de acesso banda larga à Web.
A solução de IPTV da Microsoft resolve um dos problemas mais recorrentes em aplicações interativas (metadata) para TVD, dando ao usuário o controle sobre o tamanho de fontes e imagens exibidas na tela. Acoplando o equipamento à tevê - e à sua conta de banda larga, claro - o telespectador pode navegar na Internet, baixar e abrir arquivos, estabelecer limites de uso para os filhos, compartilhar fotos e músicas com amigos e até bater papo (pelo MSN Messenger) enquanto assiste sua programação de TV favorita.
O MSN TV 2 Internet & Media Player (foto acima) já está à venda nos EUA. Os usuários brasileiros só encontrarão o aparelho em lojas online como a Amazon.com ou no site oficial do MSN TV. O pagamento pode ser feito em 'suaves prestações mensais' de US$ 99.95 (2) ou US$ 49.95 (4) no cartão de crédito, mas lembrem que o preço não inclui taxas de importação, impostos ou conta do provedor de Internet.
SERVIÇO:
» MSN TV
» Amazon.com
segunda-feira, setembro 04, 2006
O que andam fazendo os compadres do norte?
Por Manuela Allain Davidson
Os ingleses, de modo geral, têm rixa com os norte-americanos. Eles vêem o estadunidense como pretensioso, do tipo que tem o rei na barriga e só arrota flores. Mas há algo nos EUA para o qual os compatriotas de Tony Blair sempre tiram o chapéu: a capacidade de aprender com os erros, não se dar por vencido e dar a volta por cima.
A maior desculpa para o Brasil não adotar o ATSC-t como padrão de sua TV digital aberta era que o modelo norte-americano só privilegiava a alta-definição de som e imagem. Teoricamente, a tecnologia não deixava espaço pra interatividade (que é o grande barato da TVD), multiprogramação, mobilidade ou portabilidade. Europeus e japoneses, por outro lado, davam shows nesses serviços.
Por sua posição estratégica dentro da América do Sul, esperava-se que o Brasil motivasse os países vizinhos a seguirem o padrão que adotasse. E esse mercado é estimado em US$ 100 bilhões ao longo dos próximos 10 anos. Mas vejam só. A Argentina é ATSC-t. O Chile ainda não decidiu, mas pode pegar o mesmo caminho. Vocês acham que os EUA derramaram alguma lágrima por ter sido sumariamente descartado da competição? Eu tenho certeza que não.
A turma do Bush está mais animada em explorar o potencial de outras plataformas interativas digitais para TV. Um estudo divulgado na semana passada, pela Market Research, revelou que até 2010 (em quatro anos) a base de usuários de serviços de IPTV pulará de dois milhões para 34 milhões, só nos EUA!
Canais de televisão que começaram sua carreira na plataforma à cabo como o canal esportivo ESPN estão se aventurando com conteúdo exclusivo para celular (partidas de futebol americano universitário) e oferecendo o serviço, sem custos adicionais, aos assinantes do pacote Esporte Total.
E a operadora de tevê por satélite DirecTV – que aqui no Brasil está em fusão com SKY – começa a testar serviços de voz sobre IP (VoIP). A empresa do australiano Rupert Murdoch decidiu em maio deste ano que vai atacar também de operadora de telefonia. As possibilidades do mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (ICT) são infinitas. Aqui no Brasil é que elas são um pouco mais limitadas. Isso porque ao invés de atualizar a legislação para estimular a livre concorrência, há sempre quem tente o caminho mais curto que é passar por cima dela.
P.S. Ainda sobre os nossos compadres do norte, a Microsoft Research incluiu a UFPE entre as 13 instituições da América Latina que estarão concorrendo a bolsas de doutorado e/ou estágio na empresa do Bill Gates, em Redmond. O instituto de pesquisa está de olho nos cérebros hi-tech pernambucanos e hoje é o último dia para os interessados mandarem suas inscrições. Currículo e duas cartas de recomendação devem ser enviados para o email andre@cin.ufpe.br.
Por Manuela Allain Davidson
Os ingleses, de modo geral, têm rixa com os norte-americanos. Eles vêem o estadunidense como pretensioso, do tipo que tem o rei na barriga e só arrota flores. Mas há algo nos EUA para o qual os compatriotas de Tony Blair sempre tiram o chapéu: a capacidade de aprender com os erros, não se dar por vencido e dar a volta por cima.
A maior desculpa para o Brasil não adotar o ATSC-t como padrão de sua TV digital aberta era que o modelo norte-americano só privilegiava a alta-definição de som e imagem. Teoricamente, a tecnologia não deixava espaço pra interatividade (que é o grande barato da TVD), multiprogramação, mobilidade ou portabilidade. Europeus e japoneses, por outro lado, davam shows nesses serviços.
Por sua posição estratégica dentro da América do Sul, esperava-se que o Brasil motivasse os países vizinhos a seguirem o padrão que adotasse. E esse mercado é estimado em US$ 100 bilhões ao longo dos próximos 10 anos. Mas vejam só. A Argentina é ATSC-t. O Chile ainda não decidiu, mas pode pegar o mesmo caminho. Vocês acham que os EUA derramaram alguma lágrima por ter sido sumariamente descartado da competição? Eu tenho certeza que não.
A turma do Bush está mais animada em explorar o potencial de outras plataformas interativas digitais para TV. Um estudo divulgado na semana passada, pela Market Research, revelou que até 2010 (em quatro anos) a base de usuários de serviços de IPTV pulará de dois milhões para 34 milhões, só nos EUA!
Canais de televisão que começaram sua carreira na plataforma à cabo como o canal esportivo ESPN estão se aventurando com conteúdo exclusivo para celular (partidas de futebol americano universitário) e oferecendo o serviço, sem custos adicionais, aos assinantes do pacote Esporte Total.
E a operadora de tevê por satélite DirecTV – que aqui no Brasil está em fusão com SKY – começa a testar serviços de voz sobre IP (VoIP). A empresa do australiano Rupert Murdoch decidiu em maio deste ano que vai atacar também de operadora de telefonia. As possibilidades do mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (ICT) são infinitas. Aqui no Brasil é que elas são um pouco mais limitadas. Isso porque ao invés de atualizar a legislação para estimular a livre concorrência, há sempre quem tente o caminho mais curto que é passar por cima dela.
P.S. Ainda sobre os nossos compadres do norte, a Microsoft Research incluiu a UFPE entre as 13 instituições da América Latina que estarão concorrendo a bolsas de doutorado e/ou estágio na empresa do Bill Gates, em Redmond. O instituto de pesquisa está de olho nos cérebros hi-tech pernambucanos e hoje é o último dia para os interessados mandarem suas inscrições. Currículo e duas cartas de recomendação devem ser enviados para o email andre@cin.ufpe.br.
sábado, setembro 02, 2006
TV Digital no Brasil... só depois das eleições
Por Manuela Allain Davidson
Antes, a pendenga era para o Brasil escolher um padrão. Agora, a pendenga é QUEM vai produzir as caixas conversoras do sinal digital para a velha TV que temos em casa. São mais de 80 milhões de televisores analógicos no Brasil e um volume de negócios estimado em R$ 8 bilhões motivando a disputa entre o pólo industrial da Zona Franca de Manaus e o resto do País – com o devido apoio da Receita Federal.
Manaus quer produzir tudo em casa. Hélio Costa (sempre ele!) quer que as caixinhas (STB) sejam produzidas como bem de informática em diferentes estados, o que teoricamente reduziria o custo final para o consumidor. E Lula já mandou a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff ir para o meio do campo de batalha para segurar as feras. Afinal, essa briga não é nada conveniente para quem está em campanha de reeleição.
Segundo a revista eletrônica Bites (01/09/2006, edição 343), o presidente presidenciável Luís Inácio Lula da Silva teria prometido achar a melhor saída para essa confusão ‘depois de reeleito’. Isso porque já existem bancadas parlamentares se armando até os dentes para garantir que seus estados sejam beneficiados com a produção, comercialização e impostos gerados nesta primeira fase da TV digital terrestre brasileira.
"Round and round and round it goes. Where it stops nobody knows".
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» Quem entende o ministro Hélio Costa
sexta-feira, setembro 01, 2006
Chile vai de IPTV à moda americana
Por Manuela Allain Davidson
Ao que parece, muito em breve o governo brasileiro estará usando mais uma vez a frase desesperada que marcou o final da gestão do presidente Fernando Collor de Melo: “Não me deixem só!”. É que, ao contrário do que se esperava com o final da indecisão do Brasil por um padrão de TV digital terrestre, os demais países da América do Sul inclinam-se cada vez mais a optar pelo ATSC-t, o padrão de TVD da terra do Tio Sam.
A Argentina foi a primeira, antes mesmo do Brasil. Nos próximos meses, mais cedo do que se imagina, é o Chile quem deverá estar tomando o mesmo caminho, me revelou o amigo Alejandro* - jornalista como eu, à frente do projeto de digitalização da emissora de TV em que trabalha na capital Santiago. “Estamos preparando nossa estrutura para sairmos na frente”, declarou.
A aposta de Reid é na verdade uma suposição, porque o governo ainda não bateu o martelo. Mas os chilenos acreditam que o uso do protocolo da Internet e o padrão ATSC-t respondam melhor aos seus interesses. ”O padrão americano evoluiu bastante e adotou todos os benefícios do DVB (europeu). O Brasil quer algo especial para si, mas no Chile acreditamos que é melhor seguir um modelo mais experimentado”, disse.
O comentário dele me lembrou que não é à toa que seu país é o de economia mais bem resolvida na América do Sul. Segundo o Wikipedia, em 2005 o Chile cresceu 6,3% em relação a 2004, fechando com superávit comercial de 10 bilhões de dólares. O país tem a noção exata do impacto que a definição do padrão de TVD terrestre poderá ter na sua indústria e balança de exportação.
Estratégia, aliás, é a palavra-chave por lá. Ao invés de correr desesperadamente para começar suas transmissões digitais, o Chile começou pelo debate e proposta de revisão da sua lei de radiodifusão e não fechou a porta a novos players. A Telefônica (mesma empresa que aqui temos em São Paulo) se somou à lista de empresas que oferecem TVD nas outras plataformas: satélite, cabo e IP.
* Pra não alertar demais a concorrência do Alejandro, seu sobrenome e o nome da empresa em que atua foram protegidos.
Por Manuela Allain Davidson
Ao que parece, muito em breve o governo brasileiro estará usando mais uma vez a frase desesperada que marcou o final da gestão do presidente Fernando Collor de Melo: “Não me deixem só!”. É que, ao contrário do que se esperava com o final da indecisão do Brasil por um padrão de TV digital terrestre, os demais países da América do Sul inclinam-se cada vez mais a optar pelo ATSC-t, o padrão de TVD da terra do Tio Sam.
A Argentina foi a primeira, antes mesmo do Brasil. Nos próximos meses, mais cedo do que se imagina, é o Chile quem deverá estar tomando o mesmo caminho, me revelou o amigo Alejandro* - jornalista como eu, à frente do projeto de digitalização da emissora de TV em que trabalha na capital Santiago. “Estamos preparando nossa estrutura para sairmos na frente”, declarou.
A aposta de Reid é na verdade uma suposição, porque o governo ainda não bateu o martelo. Mas os chilenos acreditam que o uso do protocolo da Internet e o padrão ATSC-t respondam melhor aos seus interesses. ”O padrão americano evoluiu bastante e adotou todos os benefícios do DVB (europeu). O Brasil quer algo especial para si, mas no Chile acreditamos que é melhor seguir um modelo mais experimentado”, disse.
O comentário dele me lembrou que não é à toa que seu país é o de economia mais bem resolvida na América do Sul. Segundo o Wikipedia, em 2005 o Chile cresceu 6,3% em relação a 2004, fechando com superávit comercial de 10 bilhões de dólares. O país tem a noção exata do impacto que a definição do padrão de TVD terrestre poderá ter na sua indústria e balança de exportação.
Estratégia, aliás, é a palavra-chave por lá. Ao invés de correr desesperadamente para começar suas transmissões digitais, o Chile começou pelo debate e proposta de revisão da sua lei de radiodifusão e não fechou a porta a novos players. A Telefônica (mesma empresa que aqui temos em São Paulo) se somou à lista de empresas que oferecem TVD nas outras plataformas: satélite, cabo e IP.
* Pra não alertar demais a concorrência do Alejandro, seu sobrenome e o nome da empresa em que atua foram protegidos.
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