Fernando Bittencourt e a TV Digital
Por Manuela Allain Davidson
Quando o assunto é TV digital no Brasil, ninguém aparece mais na mídia do que o Fernando Bittencourt – nem mesmo o ministro Hélio Costa. Na última sexta (29) o diretor de engenharia da Globo esteve no Recife como convidado do primeiro dos Seminários de Tecnologia promovidos pelo Centro de Informática (Cin) da UFPE. E eu, metida como sempre, fui conferir.
Confesso que o que ‘pesquei’ por lá me deixou com a pulga atrás da orelha. Papo de dinossauro, como o Bittencourt mesmo se descreve, só consegue decifrar quem conhece a língua e os contextos da pré-História. O problema é exatamente este. Como pouca gente de nossa população brasileira entende mais a fundo essa conversa de TVD, a maioria leiga ouve o que o dinossauro fala e diz ‘amém’.
Ele começou traçando o histórico da televisão no mundo, dizendo que “a TV aberta é uma das mídias mais obsoletas do País. Só não é mais obsoleta do que a rádio AM”. Amém. Segundo o engenheiro, a primeira tevê vendida no Brasil há 55 anos funcionaria hoje, sem problemas. E o mesmo aconteceria com uma tevê de plasma de R$ 10 mil se viajasse no tempo e fosse levada à década de 1950. Amém.
A justificativa para esse atraso é que, como mídia de massa, não é possível trocar a tecnologia da tevê todo dia. “Sabemos que a próxima mudança deverá ocorrer em duas ou três décadas, por isso tínhamos que decidir pela melhor tecnologia [referindo-se à adoção do ISDB japonês abrasileirado em SBTVD]”. Amém? Não mesmo.
Primeiro, depois que a TV aberta for digitalizada, a tendência – que vem se confirmando no resto do mundo – é que upgrades tecnológicos aconteçam quase que diariamente. O software dentro do receptor (STB) que traz o guia de programação, por exemplo, requer atualizações constantes e os aplicativos interativos vão exigir cada vez mais das máquinas (TVs).
Quando o mundo da tecnologia entrar oficialmente no universo da televisão, atualizar e inovar passam a ser necessidades para sobrevivência do meio. Quanto ao ISDB-t ser a melhor tecnologia, nem comento. Seria, sim, se o ATSC e DVB – além dos que foram desenvolvidos na Índia, China e Rússia, entre outros – tivessem parado no tempo. Então não é amém mesmo...
Para a Globo, nas palavras de Bittencourt, a única grande mudança da televisão desde sua introdução no Brasil foi a migração das imagens em preto e branco para o sistema a cores. Amém? Que nada... E o controle remoto? Desse, obviamente, a toda-poderosa emissora nem fala.
A liberdade de escolha que o ‘zapping’ deu aos telespectadores é um princípio de interatividade que ameaça a audiência e soberania de qualquer canal de televisão. Daí a necessidade de se ter uma programação de qualidade para prender a atenção do cidadão que está em casa, procurando informação ou entretenimento, com o controle remoto na mão.
[CONTINUO COM MUITO MAIS MUNIÇÃO NO PRÓXIMO POST]
sábado, setembro 30, 2006
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