sexta-feira, setembro 01, 2006

Chile vai de IPTV à moda americana
Por Manuela Allain Davidson



Ao que parece, muito em breve o governo brasileiro estará usando mais uma vez a frase desesperada que marcou o final da gestão do presidente Fernando Collor de Melo: “Não me deixem só!”. É que, ao contrário do que se esperava com o final da indecisão do Brasil por um padrão de TV digital terrestre, os demais países da América do Sul inclinam-se cada vez mais a optar pelo ATSC-t, o padrão de TVD da terra do Tio Sam.

A Argentina foi a primeira, antes mesmo do Brasil. Nos próximos meses, mais cedo do que se imagina, é o Chile quem deverá estar tomando o mesmo caminho, me revelou o amigo Alejandro* - jornalista como eu, à frente do projeto de digitalização da emissora de TV em que trabalha na capital Santiago. “Estamos preparando nossa estrutura para sairmos na frente”, declarou.

A aposta de Reid é na verdade uma suposição, porque o governo ainda não bateu o martelo. Mas os chilenos acreditam que o uso do protocolo da Internet e o padrão ATSC-t respondam melhor aos seus interesses. ”O padrão americano evoluiu bastante e adotou todos os benefícios do DVB (europeu). O Brasil quer algo especial para si, mas no Chile acreditamos que é melhor seguir um modelo mais experimentado”, disse.

O comentário dele me lembrou que não é à toa que seu país é o de economia mais bem resolvida na América do Sul. Segundo o Wikipedia, em 2005 o Chile cresceu 6,3% em relação a 2004, fechando com superávit comercial de 10 bilhões de dólares. O país tem a noção exata do impacto que a definição do padrão de TVD terrestre poderá ter na sua indústria e balança de exportação.

Estratégia, aliás, é a palavra-chave por lá. Ao invés de correr desesperadamente para começar suas transmissões digitais, o Chile começou pelo debate e proposta de revisão da sua lei de radiodifusão e não fechou a porta a novos players. A Telefônica (mesma empresa que aqui temos em São Paulo) se somou à lista de empresas que oferecem TVD nas outras plataformas: satélite, cabo e IP.

* Pra não alertar demais a concorrência do Alejandro, seu sobrenome e o nome da empresa em que atua foram protegidos.

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