O que andam fazendo os compadres do norte?
Por Manuela Allain Davidson
Os ingleses, de modo geral, têm rixa com os norte-americanos. Eles vêem o estadunidense como pretensioso, do tipo que tem o rei na barriga e só arrota flores. Mas há algo nos EUA para o qual os compatriotas de Tony Blair sempre tiram o chapéu: a capacidade de aprender com os erros, não se dar por vencido e dar a volta por cima.
A maior desculpa para o Brasil não adotar o ATSC-t como padrão de sua TV digital aberta era que o modelo norte-americano só privilegiava a alta-definição de som e imagem. Teoricamente, a tecnologia não deixava espaço pra interatividade (que é o grande barato da TVD), multiprogramação, mobilidade ou portabilidade. Europeus e japoneses, por outro lado, davam shows nesses serviços.
Por sua posição estratégica dentro da América do Sul, esperava-se que o Brasil motivasse os países vizinhos a seguirem o padrão que adotasse. E esse mercado é estimado em US$ 100 bilhões ao longo dos próximos 10 anos. Mas vejam só. A Argentina é ATSC-t. O Chile ainda não decidiu, mas pode pegar o mesmo caminho. Vocês acham que os EUA derramaram alguma lágrima por ter sido sumariamente descartado da competição? Eu tenho certeza que não.
A turma do Bush está mais animada em explorar o potencial de outras plataformas interativas digitais para TV. Um estudo divulgado na semana passada, pela Market Research, revelou que até 2010 (em quatro anos) a base de usuários de serviços de IPTV pulará de dois milhões para 34 milhões, só nos EUA!
Canais de televisão que começaram sua carreira na plataforma à cabo como o canal esportivo ESPN estão se aventurando com conteúdo exclusivo para celular (partidas de futebol americano universitário) e oferecendo o serviço, sem custos adicionais, aos assinantes do pacote Esporte Total.
E a operadora de tevê por satélite DirecTV – que aqui no Brasil está em fusão com SKY – começa a testar serviços de voz sobre IP (VoIP). A empresa do australiano Rupert Murdoch decidiu em maio deste ano que vai atacar também de operadora de telefonia. As possibilidades do mercado de Tecnologia da Informação e Comunicação (ICT) são infinitas. Aqui no Brasil é que elas são um pouco mais limitadas. Isso porque ao invés de atualizar a legislação para estimular a livre concorrência, há sempre quem tente o caminho mais curto que é passar por cima dela.
P.S. Ainda sobre os nossos compadres do norte, a Microsoft Research incluiu a UFPE entre as 13 instituições da América Latina que estarão concorrendo a bolsas de doutorado e/ou estágio na empresa do Bill Gates, em Redmond. O instituto de pesquisa está de olho nos cérebros hi-tech pernambucanos e hoje é o último dia para os interessados mandarem suas inscrições. Currículo e duas cartas de recomendação devem ser enviados para o email andre@cin.ufpe.br.
segunda-feira, setembro 04, 2006
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