quarta-feira, setembro 20, 2006

Produção de STB motiva disputa salomônica
Por Manuela Allain Davidson


Set-top box e controle remoto

Em Santa Rita do Sapucaí, Minas Gerais, tem uns chineses que podiam se candidatar ao papel da mãe que quase viu seu bebê dividido em dois pelo Rei Salomão. Lembram dela? A metáfora serve para ilustrar o que eles estarão fazendo ao arcar com uma produção de decodificadores pra tevê digital sem nenhum incentivo fiscal do Governo. Deixa eu tentar explicar melhor.

A novela de tevê digital no Brasil se estende agora aos direitos de produção das famosas set-top boxes (STB) - os equipamentos que vão permitir que o telespectador receba em casa a programação digitalizada. O governo Federal se dividiu entre os que querem descentralizar a cadeia de produção do hardware (enquadrando STB como bem de informática) e entre os que querem concentrar a produção na Zona Franca de Manaus.

É uma disputa salomônica porque muitas indústrias querem ser a mãe desse bebê que tende a se propagar em mais de 80 milhões de lares brasileiros, atraindo lucros milionários. Pois bem. Mãe que é mãe, já sabia Salomão, está sempre disposta a se sacrificar para evitar que sua prole seja ferida. Custe o que custar.

No caso, a prole da Phihong – joint venture mineira com um grupo chinês – é a recém-nascida produção de STB para tevê digital. E para garantir o futuro da linhagem, a indústria está começando a produzir os aparelhos agora, mesmo sem a dedução de impostos que teria se (quando) as STB forem enquadradas como bens de informática.

Segundo a Bites, revista eletrônica especializada em TI, a Phihong já está a todo vapor ‘dando à luz’ decodificadores que serão usados inicialmente por TVs de assinatura (satélite e cabo). O objetivo final dessa ‘mãe’ é levar seus bebês aos usuários da tevê digital aberta (rádio-freqüência) e, num futuro ideal onde as empresas de telecom também farão parte desse mercado, aos usuários de TV por banda larga, IPTV.

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