Segmentação, segmentação, segmentação
Por Manuela Allain Davidson
Você já se perguntou o que a arte do flerte, a internet, a TVD e o circo têm em comum? A resposta está no respeitável público! O princípio básico da Comunicação prega que para o emissor de uma mensagem se fazer compreender pelo receptor, deve prestar atenção ao meio em que ambos estão inseridos e aos possíveis ruídos que atrapalhem a ação. Por ruído, entenda barulho mesmo ou algo mais drástico como ter o emissor falando um idioma (tailandês, por exemplo) e o receptor, outro (grego). Pior ainda. O emissor não perceber que existe essa barreira linguística.
O bom paquerador sabe que não há como seduzir sua vítima sem gerar empatia. E criar essa empatia passa pela apresentação de um visual atraente, um conteúdo (papo) interessante e uma atenção redobrada aos sinais que o receptor da cantada-mensagem envia como reação a suas investidas. Num vocabulário mais de exatas, essa sedução funciona como um professor de Física que eu conheci ontem descreveu. Enquanto falava sobre a interação dos corpos elétricos, ele lembrou que as cargas positivas (+) e negativas (-) que cada um desses carrega podem gerar forças de repulsa ou atração entre os corpos.
Para seduzir o público e provocar imersão da audiência, o anfitrião circense se dirige à massa diretamente, enfatizando o respeito que tem pelos presentes. Quem está no circo, vai até o local porque se identifica com a proposta, porque quer ser encantado por mágicos, malabaristas e até presas selvagens. É uma comunicação segmentada porque as duas pontas - emissor e receptor - compartilham o mesmo interesse. O que não se repete quando o circo anuncia sua chegada num jornal impresso, por exemplo, e a imagem de um palhaço-anão repele leitores com traumas de infância.
Quem trabalha com internet ou tevê paga (especialmente cabo e satélite digital) aprendeu nos últimos dez anos que a chave de uma relação bem sucedida é dar ao público o que ele quer. A mãe de primeira viagem quer um canal que a ensine como cuidar melhor do seu bebê. O adolescente quer novas formas de interagir com seus amigos. Os médicos querem mecanismos de atualização e troca de conhecimento. Os pacientes querem desvendar possíveis diagnósticos numa linguagem leiga para visualizar a cara do monstro que estão enfrentando. E assim por diante.
O tempo da mídia de massa passou. Colocá-la em alta definição, apenas, é gritar mais alto a mesma mensagem que certos públicos insistem em ignorar. E vão continuar ignorando. A digitalização dos processos de comunicação nos permite criar esse conteúdo focado em nichos específicos de mercado. Mais, permite que o público crie seu próprio conteúdo de interesse. Quem insistir em repetir os mesmos modelos do passado corre o risco de ficar para trás. Para fazer dinheiro com comunicação - ou conquistar a gata dos seus sonhos - a dica é fazer o público-alvo se sentir especial, criar novas formas de dar poder a esse outro, respeitando as diferenças e particularidades de cada um. Power to the people! E segmentação, segmentação, segmentação pessoal.
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