sábado, agosto 26, 2006



Menos Planetas, mais Mundos

Por Fabiano Gallindo

Uma coisa que o ser humano é exímio é na arte de destruir. Destruimos casas, pontes, fábricas, regiões e populações inteiras com o apertar de um botão. E, a partir de agora, também destruímos planetas!

Numa reunião de astrônomos na última quinta-feira (24), em Praga, na longínqua porém linda Tchecoslováquia, decidiram acabar com Plutão. Nos meus idos de 1970, quando aprendia que o sistema solar era composto de nove astros e recitava com orgulho em festas de família o nome de todos eles de mercúrio a P!, nem imaginava que em 2006 o planetinha e sua lua Caronte (Caronte?) deixariam de existir.

Essa definição é uma proposta de uma Rede. Isso mesmo, de uma rede de especialistas chamada União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês), internacionalmente reconhecida como a autoridade responsável pela nomenclatura de estrelas, planetas, asteróides e outros corpos celestes e fenômenos na comunidade científica. Bruno Latour na sua Teoria do Ator Rede (Ciência em Ação, 1994) já nos apresentava que uma idéia por si só não é defensável, nem mesmo existe, precisa de um conjunto de atores humanos e os não humanos, estes últimos devido ao seu vinculamento ao princípio de simetria generalizada. Uau! Você me perguntaria "Eu existo?". Sim, por enquanto.

A boa parte dessa história é que, do mesmo jeito que uma Rede de Atores pode "destruir" Planetas (vide, P!), também pode criar Mundos.

Jogos on-line ou jogos eletrônicos via Internet são os nossos mundos virtuais. Neles, um participante com um computador ou vídeo-game conectado à rede pode jogar com outros sem que precisem estar no mesmo ambiente. Sem sair de casa, o jogador pode desafiar adversários que estejam em outros lugares do país, ou até do mundo (real, real?).

Milhares de jogadores se divertindo pela Rede (Internet), tecnologia consolidada. Para onde ir? É possível evoluir ainda mais? Sim. E essa evolução chama-se MMORPG (Massive Multiplayer Online Role Playing Game) e são jogos do tipo RPG que reúnem multidões numa mesma partida. Você é lançado num Mundo virtual (geralmente idade média) e joga com trezentas, três mil, trinta mil pessoas.

Esses jogos geralmente são pagos (mensalidades) e costumam até servir de meio de sociabilização virtual: os jogadores se casam, constróem casas, arrumam trabalho etc. Os mais conhecidos MMORPGs são: Ultima Online, Everquest, Star Wars Galaxies, RuneScape, Phantasy Star Online, Ragnarok, World of Warcraft e Tibia.

Desktop? Lan Houses? Computador preso à parede? Que nada, na Coréia e na China através de celulares e handhelds você é avisado a qualquer hora do dia (e da noite) quando o exército inimigo bate a sua porta ou quando a vizinha do "lado" quer fazer um troca-troca. As TELES estão amando, o número de short messages (SMS) trocadas por jogadores inveterados ultrapassa os milhões de dólares e a tendência é crescer.

Pesquisas estão sendo feitas e a TV Digital Interativa parece ser um campo fértil para a construção desses novos mundos. Tele-trabalho, tele-presença com alta velocidade e alta resolução. Bytes e Bits transformados em paisagens fictícias, históricas ou cenários que nos lembram salas de aula, ruas de Pompéia ou planetas que deixaram de existir.

Quem sabe eu e você, um dia, não nos encontramos num Mundo chamado Plutão?

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